quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O conto da loteria



            A Mega Sena acumulou pela terceira vez. Cada brasileiro pode sonhar agora com a incrível fortuna de cerca de 85 milhões de reais.  Então, basta o camarada levar alguns caraminguás a uma casa lotérica e sair de lá com seu vale-milhões nas mãos.
            Nas conversas de botequins, bancos de praça ou salões de beleza, já se percebe a euforia e cada um destes futuros milhardários conta o que fará com tanto dinheiro.
O Negão Edynardo, entre uma talagada e outra, diz que vai comprar um iate cor de rosa, colocar a Sheila Carvalho dentro, e sair navegando pelo mundo. E a Rosineide, sua mulher há trinta anos, que se dane.
Mais filantropa, Cidinha, empregada doméstica numa mansão do Morumbi desde que chegou de Minas aos 14 anos, jura que dará boa parte da sua fortuna à Igreja Universal. Afinal, tanta sorte só pode ter sido obra do Divino Nosso Senhor Jesus Cristo, devidamente intermediada pelo seu representante maior na Terra, o bispo Edir Macedo.
Até mesmo o Doutor Aliprando Junqueira Araújo, bem sucedido empresário do ramo da construção naval - e para quem R$ 85 milhões não é tanto dinheiro assim - alimenta seu sonhozinho secreto: o de trocar o Lear Jet 2009 por um Boeing novinho em folha. Como este tipo de avião custa exatos R$ 135 milhões, ainda vai faltar dinheiro. Mas isso não é problema para nosso capitão de indústria que sempre traz uma reservinha depositada em contas secretas na Suíça.
Com tanta gente sonhando alto, a felicidade vai aparecer estampada no rosto da maioria dos brasileiros, pelo menos até sábado à tarde.
O diabo é que as chances matemáticas dum sujeito acertar na Megasena é a de 1 para 50.063.860. Então, estatisticamente falando, o mais provável é que o prêmio acumule de novo e, no domingo, 190 milhões de frustrados estejam circulando por aí.

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