quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Carlos Lamarca e o Crusp

           Participei da reocupação do Crusp no final de 79. O Conjunto Residencial da USP estava fechado para a moradia de estudantes desde que havia sido invadido por tropas do exército - com o apoio de tanques de guerra, inclusive - em 1968.
           E morei lá por cinco anos. Portanto, tenho o maior carinho por aquele espaço que ajudei a reconquistar e hoje serve de residência pra muita gente.
          Registra a História que a operação de guerra montada pelos milicos pra desalojar os estudantes em 68 foi um fracasso. E que com a moçada que estava lá só foram encontradas espingardas de matar passarinho, estilingues, bolinhas de gude e barras de ferro. Além de cartelas e cartelas de pílulas anticoncepcionais, o que indicou para a repressão que a moçada, além de ser contra a ditadura, se dedicava a outro crime grave para a época, o sexo.
           O que as pessoas não sabem é que horas antes da invasão, Carlos Lamarca tinha sido avisado. Por comandar uma unidade do Regimento de Infantaria - que ficava em Osasco, portanto próximo da USP - o capitão teria que estar em alerta para uma possível apoio no caso da batalha ficar renhida demais para as divisões que para lá seguiriam.
           Assim que recebeu a mensagem secreta, Lamarca despachou seu lugar tenente - o sargento Darcy Rodrigues - para o Crusp dar o alerta. E todo o armamento da VPR e de outras organizações que estavam mocosados por lá foram rapidamente retirados, assim como trataram de sumir do mapa os guerrilheiros que moravam naquele alojamento.
            Para quem quiser saber mais sobre esta e outras ações da guerrilha nos Anos de Chumbo, é ler Pedro e os Lobos.
            

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