domingo, 17 de fevereiro de 2013



As empresas por trás da 
tortura e morte de presos políticos

Amanhã, a partir das 14 horas, em audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo, se começará a revelar, oficialmente, o nome de dezenas de empresas e empresários que se envolveram na prisão, tortura e morte de presos políticos durante os Anos de Chumbo no Brasil.

A partir da análise de um conjunto de oito livros de registro de presenças encontrado na sede de um dos centros de repressão em São Paulo, a Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva encontrou o nome de muito empresário conhecido.

Nesse grupo estão bancos, grandes montadoras e o grosso do empresariado que, à época, se abrigava na poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

"É a ponta do iceberg”, diz o deputado petista Adriano Diogo, presidente da Comissão. “Somente nos meses de abril a setem­bro de 1971, Geral­do Rezende de Matos, da Fiesp, esteve no prédio por quarenta vezes”.

        E as visitas eram demoradas. Em 24 de abril de 1972, o representante da Fiesp entrou no prédio do Largo General Osório às seis da tarde e só saiu de lá no início da tarde do dia seguinte. Foram cerca de dezoito ho­ras no interior de um dos maiores centros de tortura do país, onde vários presos políticos estavam sendo interrogados.  
“A Fiesp tem que explicar isso. Nós não es­tamos inventando nada”, destaca Diogo. “Queremos saber por que uma pessoa que vai ao Dops e permanece lá durante toda uma madrugada, assina a lista de entrada e saída como represen­tante daquela organização empresarial.”  

Agora, com as revelações que deverão ser feitas nesta segunda-feira, começa-se a chegar ao fundo desse poço repleto de lama. E a lista a deve trazer várias surpresas.

(Leia no texto abaixo alguns dos nomes que deverão estar na lista)

CONHECER A HISTÓRIA RECENTE DO NOSSO PAÍS
É OBRIGAÇÃO DE TODO BRASILEIRO 
Leia Pedro e os Lobos – Os Anos de Chumbo na trajetória de um guerrilheiro urbano



Nomes já conhecidos

Alguns dos nomes que serão revelados nesta segunda pela Comissão da Verdade Rubens Paiva já são conhecido dos historiadores há algum tempo.

No início do ano passado, José Paulo Bonchristiano, ex-delegado do Dops paulista, fez várias revelações nesse sentido à Marina Amaral, da Agência Pública.

“Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo, passava no Dops para conversar com a gente quando estava em São Paulo”, contou o ex-torturador. “E eu podia telefonar a Octávio Frias, o dono da Folha de São Paulo, para pedir o que precisasse.”

O delegado aposentado disse ainda que, quando participou da montagem da Polícia Federal na capital paulista, o fundador do Bradesco mobiliou a sede do Banco, em Higienópolis para o total apoio aos policiais.

“Nós falamos com o Amador Aguiar e ele mandou por tudo dentro do prédio da rua Piauí, até máquina de escrever”.

O diretor do Grupo Ultra a época, Henning Boilesen, era outro assíduo colaborador da repressão. O empresário emprestava caminhões e uniformes da Ultragaz para os agentes montarem campana e costumava frenquentar os centros de tortura para acompanhar de perto o “trabalho” de seus financiados.

A vida do dinamarquês, executado em praça pública por um comando da Ação Libertadora Nacional em 1971, acabou gerando o documentário Cidadão Boilesen, dirigido por Chaim Litewski.

Conheça em detalhes este que foi um dos mais conturbado períodos da nossa história. 
Leia Pedro e os Lobos – Os Anos de Chumbo na trajetória de um guerrilheiro urbano

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