Vovô não gostava de Carnaval
E quando ouvia um samba, até passava mal...
diz a velha marchinha. Embora ainda não fosse nem pai, eu também era assim até 1992 quando conheci o Carnaval de Olinda/Recife.
Aí, me apaixonei pela festa, porque lá em Pernambuco, o cabra carrega pra rua a família inteira fantasiada, sempre imbuída de irreverência, espontaneidade e espírito de troça.
E, como esquecer a paixão por uma menina chamada Flávia? O primeiro beijo na amurada da igreja mais alta de Olinda, sob o som frevente comendo solto nas ladeiras lá embaixo.
A casa que oferecia namorada instantânea, com uma advertência na porta: “Cuidado, o uso prolongado causa dependência”.
O nome irreverente das torças e blocos: Maluco Beleza, Mexendo Passa, Rebuceteio, Tô Afins, Fudidos Porém Unidos...
Acho que nós paulistas e paulistanos, assim como boa parte do pessoal do sul/sudeste - exceção aos cariocas - perdemos o espírito lúdico que os nordestinos, e os pernambucanos em especial, preservaram tão bem.
Isto não só em relação ao Carnaval, mas a todas as manifestações populares, em especial as festas juninas.
Aqui pra baixo do mapa, nos transformamos num povo sisudo, que torce o nariz ao ver alguém fantasiado na rua ou dançando em volta de uma fogueira.
Quando muito, admitimos que nossos filhos se vistam de abóbora ou bruxa para comemorar o tal do halloween, fruto da influência nefasta da cultura ianque sobre as classes médias e alta.
Olinda e Recife, se passei tanto tempo longe de teus carnavais, foi por pura falta de grana.
Mas ano que vem, se o povaréu resolver me prestigiar financeiramente adquirindo um ou outro exemplar de Pedro e os Lobos - http://osanosdechumbo.blogspot.com.br/ estarei aí.
Me aguarde, Galo da Madrugada, Homem da Meia Noite, Bloco da Saudade, Bacalhau do Batata. Me aguardem ladeiras de Olinda, seus bares e botecos.
Afinal, falta pouco. Só 360 dias...
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www.guerrilhanobrasil.blogspot.com.br
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