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Medalha de ouro em cara de pau

         No final da década de 1990, tinha eu uma prestadora de serviços em São Paulo. E um de meus clientes era medalhista de ouro olímpico, o judoca Aurélio Miguel.  

         Ocorre que ele não me pagava as mensalidades com a devida regularidade. 

         Lá pelos idos de 1999, já com meia dúzia de faturas a receber - e era mixaria, coisa de R$ 300,00 cada uma - eu consegui falar com ele por telefone:

         - Pô Aurélio, assim não dá! Há seis meses que você não me paga, rapaz.

          - Tenha paciência, João! Não recebi o dinheiro dum contrato com o Flamengo e quebrei. Estou até fechando minha loja de venda de produtos esportivos. 

           Pois tive paciência e fui esperando, esperando, esperando. E estou esperando até hoje um contato para o pagamento, isso década e meia depois. 

           Nesta manhã, leio na Folha de São Paulo on-line que o dito cujo medalhista - que estava falido naquela época - agora tem uma fortuna de R$ 25 milhões só em imóveis. 

           E o que fez o senhor Aurélio para acumular tanto dinheiro se quebrou em 1999 e desistiu da carreira de judoca em 2002?

           Simples, se elegeu vereador.

           Foi como edil paulistano que ele saiu da penúria - não tinha grana pra pagar R$ 1.800,00 - pra condição de milionário. Isto com um salário de R$ 9.280,00. 

           Fazendo as contas, se ele guardasse tudo o que recebeu da Câmara, sem gastar um tostão com nada, seu patrimônio seria agora de R$ 1 milhão, mais os R$ 800 mil que já tinha em imóveis quando ingressou na política, de acordo com suas declarações à Receita Federal.

           De onde vieram os outros R$ 23 milhões? 

           "De heranças e a compra e venda de imóveis", ele responde ao Ministério Público.

            Mas o MP diz outra coisa: que o parlamentar não conseguiu explicar aos promotores como adquiriu 13 dos 25 imóveis em nome de suas empresas.

            

             Por conta disso, Aurélio passou a ser investigado pelo grupo do Ministério Público especializado em crime organizado por lavagem de dinheiro. 

             Vamos ver o que vai dar. 

             E, se agora, enfim milionário, o ex-judoca resolve me pagar o que deve.

             

             Será?