segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Nova versão



          É sempre complicado comparar duas versões da mesma obra. Se a primeira for um romance e a segunda um filme baseado nele, então, em 90% dos casos o filme perde feio.
          Mas é impossível, para quem tem mais de cinquenta anos como eu, não fazer comparações quando assiste ao O Bem Amado, que começou como peça de teatro do genial Dias Gomes, virou novela, minisérie e agora está nos cinemas.
          Claro que o filme não é peça nem novela e tem que ter vida própria, identidade, como película. Mas que dá uma saudade do Odorico Paraguaçu interpretado pelo Paulo Gracindo, isto dá. Não que o Marcos Nanini não seja um excelente ator, mas ficou gravado na memória da gente aquele Odorico com gestos largos e sorriso messiânico que não existe no prefeito do Nanini.
           O Zeca Diabo, me perdoe o Zé Wilker, também ficou melhor na interpretação do Lima Duarte, aliás, que teve ali o seu primeiro trabalho de peso na TV. Este dava ao personagem uma certa comicidade que Wilker preferiu desprezar. O Zeca do filme é muito taciturno pruma comédia.
          Até mesmo as irmãs Cajazeira ficaram caricatas demais na versão de Guel Arraes.
          Agora, um abismo se abre na comparação entre o Dirceu Borboleta - com seus óculos fundo de garrafa e sua gagueira crônica - vivido por Emiliano Queiroz e o Dirceu interpretado por Matheus Nachtergale. Apesar de ótimo ator cômico, Matheus não conseguiu dar ao seu personagem traços que o destacassem. O Dirceu atual não faz rir, é mofino demais, sem brilho para a grandeza do papel dele na trama.
          Para quem não assistiu a novela, todas estas comparações devem soar ridículas. Mas, para quem assistiu e traz, como eu, seus personagens na memória, o filme deixa muito a desejar.  
      

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