quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Punição aos culpados.


        A punição aos militares latinoamericanos que cometeram atrocidades contra civis durante os anos 60/70 continua em pauta no continente. Tanto que o documentário Mi Vida com Carlos, do cineasta chileno Germán Berger, emocionou a platéia do Festival de Gramado no começo da semana.
        
        O filme retrata, a partir da ótica de um filho – este o próprio diretor - a desventura do advogado e militante de esquerda, Carlos Berger, assassinado em outubro de 1973 pelas Caravanas da Morte, operação dos homens de Augusto Pinochet encarregada de eliminar, pura e simplesmente, simpatizantes do presidente deposto Salvador Allende.
         
         Ida Lobo e vários dos personagens que desfilam por Pedro e os Lobos estavam no Chile nesta época e vivenciaram a ação destas Caravanas. Quem ler o livro vai acompanhar a barra da mulher de Pedro vagando pelas ruas infetadas de milicos com o filho de 5 anos levando nas mãos um embrulho  onde está um revólver 38 que precisa ser desovado de qualquer jeito.
         Depois tem a história do José Nóbrega retirado a noite do Estádio Nacional para ser fuzilado numa estrada deserta. Hoje, com setenta e tantos anos, o companheiro de Carlos Lamarca na Vanguarda Popular Revolucionária ainda traz no corpo os estragos causados pelas balas dos militares chilenos .
         Só com a punição severa daqueles que, em nome dum Estado autoritário, cometeram crime de guerra durante as sanguinolentas ditaduras implantadas a ferro e a fogo no Brasil, Chile, Argentina, Uruguai ou em qualquer outro país do continente, poderemos virar esta página da história.
         Neste sentido, durante um debate ocorrido na terça-feira em Gramado, a advogada Carmem Hertz, mãe de Gérman, declarou a imprensa: 
        Ao contrário do que diziam os agourentos, que era preciso virar a página, esquecer e perdoar, estes processos permitiram construir instituições melhores no Chile. Hoje temos um exército depurado dos piores expoentes das antigas políticas de extermínio. Se tivéssemos concedido apenas perdão e esquecimento, teríamos uma sociedade menos democrática e mais injusta.

2 comentários:

  1. Oi João,

    Concordo plenamente, estou tentando escrever um livro sobre as perseguicões no Brasil militar, algumas coisas já publiquei no blog. Não é ressentimento ou revanchismo, é simplesmente um amadurecimento e mostrar as novas gerações o que milhares de pessoas passaram.

    Abraços

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  2. E não adianta ter museus lembrando os horrores da repressão, principalmente nos 20 anos de ditadura militar no Brasil e não ser feito nada a respeito, de forma efetiva, sobre a revogação da Lei da Anistia( a tal, ampla, geral e irrestrita, que foi sancionada por um General no poder- como que então seria ela a coisa realmente certa a fazer?)O PNDH original vinha com essa " ousadia", a da revogação da Lei da Anistia para que apenas os militares e seus colaboradores fossem punidos pelas atrocidades que cometeram em nome de uma LSN que eles mesmos inventaram.Mas o PNDH original foi sabotado pela burguesia que realmente detém o poder neste país,pela igreja católica comandada por um reacionário de carteirinha.Pelos latofundiários.
    O livro PEDRO E OS LOBOS , de autoria do dono deste Blog, é um relato de forma interessante, clara e prática desse periodo, dos Anos de Chumbo. Lê-lo é mergulhar na historia do Brasil que os livros oficiais ainda não ousaram contar.

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