quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Considerações a respeito de uma imagem



       Esta é uma escola municipal de Alter do Chão, no Pará, e foi tirada faz cinco anos.
       Tal fragilidade remete a uma história verídica passada nos anos setenta em Rondônia e que mostra como o ensino sempre foi tratado com descaso no Brasil.
       Hernani Nobre, um meu amigo, se formou em Pedagogia na USP aqui de São Paulo e foi viver em Porto Velho pensando fazer um trabalho social por lá. Acabou engajado na assessoria do secretário de Educação do Estado e resolveu visitar a periferia da capital para conhecer mais de perto a rotina e os problemas dos professores.
        Ao chegar em uma escola, viu os alunos tendo aula no interior da escola e, pra não atrapalhar, foi ter com o homem que capinava o jardim:
        - Muito bom dia. O senhor poderia me dizer que horas acaba a aula?
        - Daqui meia hora.
        - Tudo bem! Vou esperar porque sou da Secretaria da Educação e preciso falar com o professor. 
         - Mais o sinhô não percisa perdê esse tempão todo, não. Qui si é pra falá c'o professô, pode falá cumigo mermo.
         - Ué. Mas o senhor não é o jardineiro?
         - Não. Eu sô o professô. Fui nomeado pelo perfeito, que é meu tio, sabe cumé, que fica cuma parte do meu salário lá pra ele.
         - Ora, se o senhor é o mestre por aqui, quem está dando aula?  
         - É o jardinero. Qui eu num sei lê nem escrevê direito. E ele sabe fazê as letra todinha. Intão, ele insina a molecada, inquanto eu fiquei  tirano os mato do quintar.
          Quando o Heranni me contou isso, passei a entender melhor o porquê de vivemos num país de analfabetos. 

Um comentário:

  1. E pensar que Alter do Chão é um ponto turístico do Pará, procurado por pessoas do mundo todo, inclusive já foi considerada uma das mais belas praias do planeta!!!
    E olha só o contraste , como é uma escola nesse lugar paradisíaco! Que será que fazem com o dinheiro do turismo?

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